Pobres de nós, jovens

No começo era apenas um leve cheiro de queimado. Nada que pudesse desviar o pensamento dos netos. 'Have they arrived already? Are they alright?'. As imagens dos corpos boiando, das casas destruídas, do atrapalhado do Bush tentando se explicar ainda estavam frescas na mente. 'Have they arrived already?'
Subitamente, subiu aquele desejo intenso de voltar pro conforto do lar. Pra cadeira em frente à casa onde todos os finais de tarde se acomodava pra observar as crianças chegando, o sol se pondo. O retrato do marido na parede do quarto - havia esquecido. E se lembrava de tudo mais que esquecera: da blusa de lã que fazia pra neta, do único disco de Elvis Presley que tinha, da foto. Tudo estaria lá quando voltasse, se Deus quiser.
Mas o leve cheiro de queimado já não era mais tão leve assim. Nem pra ela nem pro resto do passageiros. E do cheiro de queimado pra fumaça não demorou. E da fumaça pro pânico, pro desespero de constatar a imobilidade que a idade te traz - também não demorou. E demorou muito menos ainda a chegada da dor do arder. Mas essa, de repente, se foi. Pois no lugar dela veio um sentimento, um pensamento, uma lembrança, algo ainda indescrítivel, que parecia durar pra sempre. Aquele inferno já a não incomodava; ela só tinha atenção para a imagem de seus netos, brincando, correndo, dormindo depois de um dia cansativo.
Não, aquele a inferno já não mais a incomodava. Pois aquele tão reconfortante, tranquilo e esperançoso sentimento era tão mais presente. 'They are alright'.

Rápido, leve, certeiro?

Um post preguiçoso, curto, pra desencargo de consciencia. Aos poucos isso aqui pega no tranco.

Memórias de internauta de milícias

Dentro de um cronograma que formulei sobre o que fazer agora à noite, a meio de ler Os Maias e mandar um email do meu pai, estava ressucitar o blog. E cá estou, com qualquer post. Ah, e Bauru não é deserto.